sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Alegria Suprema!

Olá Doutor,

O país está a ressacar do Natal. Prendas, comida caseirinha, família, lareira, confusão nos centros comerciais, comboios esgotados, sms em números astronómicos... sim, o costume. Vai ver que daqui a nada, estão de volta os fritos e os enfeites natalícios (estes últimos lá para Agosto, de modo a criar ansiedade nos consumidores...).

Ontem senti-me maravilhosamente bem com o mundo quando voltava para casa ao final do dia. Diria que estranhamente bem, já que o ser humano tende a não aceitar a existência do estado de alegria suprema, do sorriso total e arrebatador sem razão ou lógica.

Sabe, doutor, aquele estado em que nos sentimos em harmonia com o mundo, em comunhão com o tudo e o nada, com a presença e a ausência. Um estado em que os sentidos ficam apurados e vibram com a essência elementar de cada coisa, gesto, som, cheiro...

Sim, doutor, a perfeição existe e é rara. Dura segundos, dias, mas nunca meses ou anos seguidos.

Porquê?

Porque a alegria suprema revela-se quando se sorri com a alma!

Não lhe estou a falar da alegria induzida. Falo-lhe de algo espontâneo que muitas vezes acompanha a solidão saudável, aquela em que nos consideramos boa companhia para um diálogo mental.

Acredito que qualquer pessoa já se tenha sentido arrebatada pela alegria suprema de estar simplesmente viva, acreditando que todo o mal da natureza humana pode ser contrabalançado pelo Bem profundo que habita cada ser humano.

Essa é a peça fundamental que, com alguma inteligência (sim, porque todos a temos!), nos ajudaria a atingir um novo estádio evolutivo, a expandir-nos em todas as direcções.

De que vale conquistar espaços e o Espaço se a solução está na própria Terra? No próprio ser humano? Não nos seus acessórios, não nos trapos da moda, não nas novas tecnologias.

Claro que tudo o que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida faz sentido e encaixa nas nossas necessidades.No entanto, o mais importante não é o lado material, mas sim o lado essencial. É aí que reside a alegria suprema, quando o pouco sabe a muito, quando os pequenos momentos nos transcendem...

Não olhe assim para mim, doutor. Sabe o que lhe digo?

Que a alma se ria, que o sorriso se expanda, que o momento aconteça.

Quando se sentir assim, puro, belo, parte única de um todo, feche os olhos e inspire profundamente a plenitude.

A alegria suprema desse momento não durará para sempre, nem se revelará de forma continuada, mas é fenomenal sentir a perfeição, flutuar no sonho e deixar fluir a vida.

Sim, doutor, a perfeição vai existindo sempre que sorrimos para o mundo e ele retribui.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sonhos... de Natal!

Olá Doutor,

Não tenho tido tempo para vir às consultas, mas continuo a tomar regularmente os comprimidos de introspecção para que a esperança se mantenha estabilizada.

Hoje lembrei-me de dois lemas meus, dois dos milhentos... sim, sim, eu sei!

Um tem a ver com a questão da distância e a forma como as barreiras físicas são falaciosas. Sem dúvida alguma. Há uns aninhos repeti para mim mesma inúmeras vezes que "A verdadeira distância é a que existe entre a cabeça e o coração".

Actualmente, parece-me um pouco lamechas, mas convenhamos que o lado racional por vezes parece estar tão distante do emocional ao ponto de nos esquecermos que os sentimentos puros não têm barreiras.

Cada minuto da nossa vida agarra-se a nós cá de uma maneira... Nunca mais conseguiremos libertar-nos dos nomes, das caras, das memórias de momentos belos e terríveis. A culpa é do coração que, de forma simbólica, arquiva e cataloga todos os dados! (olha o coraçãozinho em pelúcia... oohhhh que fofinho... oohhh. Corações é coisa de Teletubies! Oohhhh)

Bem, voltando à conversa...

Sempre que quisermos, basta dar as indicações ao ratito e ele fará a sua rodinha girar, pesquisando, pesquisando, pesquisando...

Toda a informação é importante. Resta-nos saber utilizá-la da forma mais eficaz de modo a que o segundo lema "A vida pode ter momentos de sonho sem que para isso tenhamos que fechar os olhos" se revele verdadeiro!

Não olhe assim para mim! Sim, doutor, não sei o que se passa comigo...

Dou por mim a escrever coisas dóceis logo pela fresquinha... Só pode ser do espírito natalício, ou seja, de mais uma necessidade criada pela publicidade aos telemóveis topo de gama e aos perfumes num país em crise...

Nem comento, sob pena de quebrar a "harmonia" da quadra natalícia, que este ano começou em Outubro! Manga curta e azevinho não colam...

O Pai Natal de cavas soa-me um pouco a homem de barbas, barrigudo e suado. Em suma, um homem das obras com gostos peculiares! Calças vermelhas com pelo branco no fundo?! Oh, por favor! (Os senhores daquela marca mundialmente famosa, podiam ter pensado numa fatiota mais interessante para o velhote...)

sábado, 1 de dezembro de 2007

Os Outros

Doutor,

hoje soube que mais uma amiga teve um bebé. A terceira deste ano...

Não, não venho para aqui falar sobre o instinto maternal que por vezes surge nestas ocasiões cheio de "inhos" e "inhas", porque não é o caso. OOhhhh, que lindo! Pequenininho, fofinho, puro, oohhhhhh :) Olha a "tia", olha o ursinho, olha o biberãozinho, olha a banheirinha, olha a fraldinha comprada com um descontozinho de Natal! Cúcú!

Enfim, pondo o lado infantil de lado e falando de coisas secantes na vida de um adulto: estes momentos trazem sempre alguma lucidez e dou por mim a pensar que ando demasiado embrenhada na construção da minha vida, sem dar pelo Tempo.

Olho-me ao espelho e apesar de ter a cara de miúda de que toda a gente fala (nunca conseguirei ser respeitada!), os vinte e seis anos já deixaram as suas marcas... por fora e por dentro.

Na verdade, o mais importante é sentir o agora. Sentir que o presente pode ser estupendo se não nos esquecermos do essencial... que somos parte dos outros e os outros parte de nós.
Luto diariamente para que a minha vida tenha bases sólidas e possa finalmente partilhá-la na sua grandeza, mas agora percebo que o contributo dos outros é essencial para que a vida ganhe a forma que desejamos.

Vivo o dia a dia em batalhas constantes com o mundo e comigo mesma e parece ser tão mais simples viver na minha bolha privada, sem ter que me dar mais do que quero. É muito mais fácil, mas igualmente ingrato.

A minha energia é a energia do mundo e no mundo estão os outros. Aqueles que sempre estiveram, os que vão estando e os que estarão. A bolha é uma ilusão, aliás, a bolha é acima de tudo uma prisão. Não nos protege sequer de nós próprios.

Partilhar a energia com os outros é contribuir para que essa energia no seu todo cresça e se fortaleça sob a forma de sorrisos e olhares cúmplices entre familiares, entre amigos, entre namorados, entre estranhos, entre amantes, entre pessoas que não sabem o que sentem nem o que os outros sentem por elas...

Doutor.... Quem diria... afinal não consigo construir a minha paz interior sozinha...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

É estranho...

Olá Doutor,

Hoje sinto-me um pouco introspectiva!

Bem disposta e introspectiva...

Hum... é estranha a forma como os outros nos surpreendem e como é possível mudarmos tantas vezes de opinião sobre eles.
Julgo que perdi a capacidade de ler as pessoas. São demasiado complicadas para mim. Talvez desista de me meter na cabeça delas e tentar perceber as características do ratinho e da rodinha onde ele brinca "24/7".

É muito mais simples começar por mim. Os outros que tratem dos respectivos animais de estimação e da qualidade da rodita..

E se a roda empanar? Paciência! Já me bastam as tiranias do meu ratinho cinzento (e não branco) de laboratório, que por vezes consegue ser maquiavélico!

Desta forma, não se criam expectativas, relaxa-se e deixa-se a vida fluir... Relax... Zen... OOhhhmmm

Não, Doutor. Não me estou a queixar.
Simplesmente, é mais frutuoso ir acreditando que os outros fazem parte da minha vida e eu da deles, mas que não há cá misturas daquelas que caem mal e deixam "marcas" num qualquer passeio público ou na sanita quando chegamos de madrugada.

Viver simplesmente, respirar simplesmente, sentir simplesmente... Sentir-me eu!

Oh Doutor, que expressão é essa?!

Já percebi! Está a falar para o caderninho, não está?

Sinto-me defraudada! A sua rodinha estancou?

Doutor? Doutor?!!

Olha, adormeceu...

terça-feira, 20 de novembro de 2007

"Porque non te callas?"

Doutor,

Tenho mais um problema. Sim, mais um...

Tenho uma tendência enorme para falar que me farto quando não devo e para ficar calada quando bastava uma simples palavrinha para resolver a questão... a bem ou a mal, entenda-se!

Sim, porque por vezes parece que o silêncio é a saída mais fácil. Travar os pensamentos e substituí-los por outros que façam o cérebro acreditar que verde é amarelo e que amarelo é azul!

Bem, não quer dizer que aceitar o roxo tal como ele é e expor essa situação a quem pensamos ter a mesma ideia resolva o problema. A vida não é um filme! Gostaríamos de descobrir que mais alguém vê e sente aquela cor da mesma forma, mas não é verdade. Cada um tem as suas cores. O segredo está na forma de combiná-las. Daqui se depreende que uma relação, seja ela como for, tem estética e harmonia próprias.

Enfim, já estava para aqui a divagar, doutor. Hoje nem com o caderninho fala. Hum... Passa-se alguma coisa? Quer desabafar? Para si, é de graça!

De qualquer das maneiras, a vozinha na minha cabeça não descansa ao ponto de dar por mim a repreender-me de forma majestosa "Porque non te callas?".

Enfim, se me calo custa. Se falo, não me calo.

O que fazer, doutor?

Uma coisa é certa, mesmo quando devia falar e não o faço, não deixo que os outros falem por mim.

"Porque non te callas?"

Ouviu?! A vozinha voltou a deixar o recado...

domingo, 18 de novembro de 2007

Ai ai...

Boa tarde Doutor,

Pois é, mais uma sessão... hum, e ao som dos "Ilegais" e daquele remix comercial do "Ai ai ai..." da Vanessa da Mata! "Se você quiser, eu vou-te dar um amor desses de cinema..."

Bom gosto Doutor, muito bom gosto.

Pois, voltemos à sessão! Qual é a dor de hoje? Nem sei bem...

Sim, sim, as dores na esperança continuam, mas de vez em quando. Já nem dou por elas, a não ser quando me sento nos transportes e me meto a pensar na vida.

O que me anda a chatear é mesmo a solidão. Não, não é aquela solidão maligna, que nos faz sentir vítimas do mundo. É uma solidão benigna, à qual nos habituamos facilmente.

Claro que não é comodismo!! Eu bem que o ouvi sussurrar.... Isso de falar entre dentes, para o seu caderninho, não me agrada doutor.

Eu não sei explicar muito bem.

Claro que não é ficando em casa que me expando, mas é bom ficar aninhada de vez em quando. O pior é quando dou por mim à espera de sinais em forma de sms. E depois, claro, não chegam. E nem a solidão me sabe bem, nem me apetece sair porta fora porque sinto que a vida vai fluindo à sua maneira, ainda que por caminhos estranhos. Olhe, desde que não dê por mim em becos escuros, está tudo bem...

O quê?! Lá voltou o doutor a falar para o caderninho...

A sessão já acabou? Ok, ok.

Paga o caderninho desta vez? Estou na brincadeira, doutor. Quanto é?

sábado, 17 de novembro de 2007

Doutor...

Caro doutor,

Tenho um problema... Pois, quem não tem?!


Sinto-me.... estranha. Acredito que padeço de um mal terrível!


Imaginação, já ouviu falar? Dá cá umas cócegas no órgão situado na parte anterior e superior do encéfalo, e que é a sede das funções psíquicas e nervosas e da actividade intelectual, ou seja, o cérebro... a sério! Faz acreditar que nada é impossível, que tudo se conquista, que o sorriso pode ser constante e que as coincidências são partidas do destino.

Doutor... sinto-me a corar e a sorrir sem razão.... é normal?

Peço-lhe por tudo que não confunda imaginação com ingenuidade, que a minha tia sofre disso e eu conheço bem os sintomas... Na verdade, também sinto umas dores na esperança de vez em quando... mas ingenuidade não é!

Será coisa grave?

Diga? Já acabou por hoje? Sim?

Bem, o resto fica para a próxima sessão...

Quanto devo?

Sinto-me...


E eis uma estreia! Eu e os blogs... Quem diria...

Bem, então o que se faz nestas ocasiões? Hummm...

Em primeiro lugar, há que analisar todo o factor psicológico destes espacitos na internet.

Tenho a convicção de que muitos psicólogos e psiquiatras ficaram com os seus divãs vazios à custa dos devaneios que cada um hoje pode partilhar no seu blog a qualquer hora e sem ter que pagar valores exorbitantes. Em suma, cada blog é nada mais, nada menos que um divã virtual...


Enfim, partilhemos o meu divã ;)